Administradores
Administradores do Amapá
O Amapá, desde as primeiras notícias até nossos dias, experimentou vários tipos de governo. Até 1943, quando foi criado o Território, o Amapá tinha jurisdição no Estado do Pará, reduzindo-se a apenas três municípios: Macapá, Mazagão e Aricari. A história dos governantes começa, portanto, a partir de 1944 quando o então capitão Janary Gentil Nunes é nomeado pelo presidente Getúlio Vargas para administra-lo. Abordaremos aqui também a história dos administradores da capital.
Governadores Territoriais até o Golpe de 1964
Janary Nunes
(Janeiro de 1944 a Fevereiro de 1956)
O primeiro e o que governou por mais tempo o Amapá (quase 12 anos). No seu governo, a construção do Amapá. Nasceu em Alenquer (Pará) em 1º de junho de 1912 e faleceu no Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1984. Casou em primeiro matrimônio com Iracema Carvão Nunes (falecida) e em segundo matrimônio com a irmã de Iracema, Alice Déa Carvão Nunes. Sua vida é cheia de trabalhos prestados ao país.
De 1933 a 1934 foi redator da Revista da Escola Militar, chegando ao cargo de diretor. Em 29 de dezembro de 1934 é declarado aspirante a oficial. Mais tarde é promovido a Segundo Tenente, Capitão e Major, servindo no 26º BC em Belém, no Destacamento. Em 1938 ele está no comando do Pelotão de Fuzileiros de Oiapoque, e em seguida no 15º BC em Florianópolis (SC), e na 1ª Companhia Independente de Metralhadoras, no Rio.
A primeira etapa de transformação do Amapá em Território Federal, foi de autoria de Janary que, em 1944, após criação dos territórios, é nomeado governador, o primeiro. No período de setembro a outubro de 1954, foi substituído por Theodoro Arthou, voltando em 1955, e permanecendo até 1956.
De 1956 a 1959, exerceu a presidência da Petrobrás, colaborando no Plano de Desenvolvimento e Ampliação da empresa, no período de governo de Juscelino Kubitschek. Em 1960 é nomeado embaixador plenipotenciário e extraordinário do Brasil na Turquia.
Deve-se a Janary a construção dos primeiros prédios escolares (Colégio Amapaense, Instituto de Educação, Escola Alexandre Vaz Tavares, da Rádio Difusora de Macapá, da Residência Governamental, da Praça Barão do Rio Branco, da Praça Veiga Cabral etc).
Theodoro Arthou
(Setembro a outubro de 1954)
Continuando a obra de Janary, e ficando apenas dois meses no governo Theodoro Arthou conseguiu autorização da Câmara para construção de dez escolas no interior e um grupo escolar (Escola São Benedito) no bairro do Laguinho. Há poucos dados sobre Theodoro Arthou. Sabe-se que ele foi Procurador Geral da República antes de assumir o governo do Amapá.
Amílcar Pereira
(Fevereiro de 1956 a fevereiro de 1958)
Em seu governo o Amapá sagra-se campeão brasileiro de natação infanto-juvenil, no Rio de Janeiro, e é criado o município de Calçoene (22 de dezembro de 1956). Também é inaugurado o Porto de Santana, com a presença do presidente Juscelino Kubitschek e Augusto Antunes (Icomi) iniciando-se a exportação do manganês no Amapá. É inaugurada a Escola Coaracy Nunes, no bairro Santa Rita (21 de março de 1957) e chega a Macapá o terceiro grupo de migrantes japoneses (20 famílias, em 22 de março de 1957). O final de seu governo é marcado por uma tragédia: um acidente aéreo nas matas do Macacoari, ceifando a vida de Coaracy Nunes, Hildemar Maia e Hamilton Silva.
Pauxy Gentil Nunes
(Fevereiro de 1958 a Fevereiro de 1961)
Governou o Amapá por três anos, em meio ao trauma causado pela morte do deputado Coaracy Nunes. Foi em seu governo que as ruas de Macapá receberam asfalto pela primeira vez, mas foi o interior que mereceu maior atenção, com a criação de colônias agrícolas e núcleos coloniais, além de fazendas-modelo em Aporema e Tucunaré.
Como desportista, incentivou o futebol e a natação em todas as escolas. Conhecido como o ´Caudilho do Norte´, Pauxy foi o responsável direto pela eleição de João Havelange como presidente da Fifa, num congresso nacional de Federações que ocorreu em Macapá.
José Francisco de Moura Cavalcante
(Março a setembro de 1961)
Inimigo político de Janary Nunes, Moura Cavalcante foi nomeado por Jânio Quadros. Governou apenas seis meses, sem alguma relevância administrativa.
Mário de Medeiros Barbosa
(Setembro a outubro de 1961)
Como governou apenas dois meses, não há fato relevante em sua administração.
Raul Montero Valdez
(Outubro de 1961 a novembro de 1962)
Em seu período de governo é fundado o Tiro de Guerra 130, e várias inaugurações no interior como motores de luz, campos de pouso.
Terêncio Furtado de Mendonça
(Novembro de 1962 a abril de 1964)
Nomeado pelo presidente João Goulart, o coronel de Exército Terêncio Furtado de Mendonça Porto assume o governo do Amapá com apoio do deputado Janary Nunes, mas seu governo teve de enfrentar as turbulências da ditadura militar que consegue dar seu golpe e depor Jango. Eis os principais acontecimentos ocorridos no período:
. Surge em Macapá o jornal Opinião, semanal, de propriedade de Pauxy Nunes;
. É criada a Guarda Noturna de Macapá (1962);
. É fundada a Associação Amapaense de Imprensa (1963);
. Surgem os primeiros manifestos pró-Estado do Amapá (1963).
1964 a 1985 - Governadores Militares a partir do Golpe de 1964
General Luiz Mendes da Silva
(Abril de 1964 a abril de 1967)
Nomeado pelo marechal Castelo Branco, Luiz Mendes veio com plenos poderes para fazer prevalecer os pressupostos da "Revolução" de 1964, e "manutenção da ordem". Entre outras obras, Luís Mendes:
. Cria o Diário Oficial do Território do Amapá (1964);
. Delimita, pela primeira vez, a zona urbana de Macapá;
. Muda a denominação de Escola de Prendas Domésticas para Ginásio
Feminino de Macapá (atual Escola Santina Riolli)
. Institui a Comissão Territorial de Investigação Sumária para "apurar atividades
dos servidores territoriais que queriam tentar contra a Segurança Nacional;
. Muda o nome Escola Industrial para Ginásio de Macapá, a atual Escola
Integrada de Macapá;
. Cria a SATFA (Superintendência de Abastecimento do Território Federal do
Amapá);
. Constitui a Companhia Amapaense de Telefones;
. Inaugura a UHE Coaracy Nunes, no Paredão, e o Posto Médico da Fazendinha.
General Ivanhoé Gonçalves Martins
(Abril de 1967 a Novembro de 1972)
Matogrossense de nascimento, o segundo governador da ditadura militar continuou a missão de Luís Mendes. Seu governo foi marcado por agitações políticas. Entre outras coisas:
. Autorizou a instalação de uma fábrica de compensados em Santana
(Brumasa);
. Construiu o Ginásio Paulo Conrado e o Ginásio Normal Rural de Amapá;
. Cria o Conselho Territorial;
. Inaugura a BR-156, de Macapá a Clevelândia;
. Foi em seu período de governo que a Rádio Educadora São José entrou no ar,
e ironicamente foi fechada por outro governador militar (Arthur Henning).
Capitão de Mar e Guerra José Lisboa Freire
(Novembro de 1972 a abril de 1974)
O capitão Lisboa Freire é o primeiro de três oficiais da Marinha a governar o Amapá. Sua passagem durou apenas dois anos e ele constituiu-se como um administrador híbrido. A maior contribuição foi na estruturação administrativa do Amapá. A partir dele o Amapá passa para o domínio da Marinha, sendo Rondônia com o controle do Exército, e Roraima da Aeronáutica.
Capitão de Mar e Guerra Arthur de Azevedo Henning
(Abril de 1974 a março de 1979)
Com o governo do mineiro Arthur Henning Macapá tem seu primeiro Plano Urbanístico. Ele se notabilizou pela dinâmica administrativa e modernização da cidade. Entre outras coisas, Henning:
. Trouxe a televisão para Macapá, inaugurando o primeiro canal (6), com
imagens da Globo;
. Transfere o controle da UHE Coaracy Nunes para a Eletronorte;
. Substitui a antiga Guarda Territorial pela Polícia Militar do Amapá;
Há três fatores negativos em seu governo:
. Consegue a desativação da Rádio Educadora São José;
. Com a criação da Rádio Nacional de Macapá, ele desativa a Difusora e
transfere todo o seu equipamento para a nova emissora;
. Ficou conhecido o jargão de sua autoria: "O Amapá não tem história..."
Capitão de Mar e Guerra Annibal Barcellos
(Março de 1979 a Julho de 1985)
O último militar do período do golpe. Conseguiu se popularizar ao ponto de mais tarde se eleger deputado federal (por duas legislaturas) e prefeito de Macapá. Administrativamente não apresentou nenhum plano, apenas pôs em prática aquilo que já estava planejado no período de Arthur Henning, modificando alguns parâmetros. Entre eles:
. Extensão de energia elétrica 24 horas para Mazagão;
. Inauguração de várias praças na capital, o que lhe valeu a alcunha de "Pracellos";
. Compra "a primeira usina de asfalto" para Macapá;
. Cria uma empresa estatal de navegação (Senava) e manda construir navios
de médio porte para o transporte fluvial entre Macapá e Belém;
. Cria comissão para elaboração dos símbolos oficiais do Estado;
. Cria o Conselho Territorial de Cultura;
. Embeleza a cidade com vários prédios (Teatro de Macapá, Banco do Estado
do Amapá), dando um contorno arquitetônico modernista.
1985 a 1990 - Governadores Civis Nomeados
Jorge Nova da Costa
(Julho de 1985 a maio de 1990)
O engenheiro agrônomo e economista Jorge Nova da Costa governou o Amapá por três anos e quatro meses. Suas obras principais foram:
. Construção do prédio do Processamento de Dados;
. Instalação da primeira Delegacia de Crimes contra a Mulher;
. Ampliação do contingente da Policia Militar do Amapá, de 950 para 1.673
soldados;
. Construção do prédio da Junta Comercial do Amapá;
. Várias obras no interior do Estado, na area agrícola.
Doly Mendes Boucinhas
(Maio de 1990)
A rápida passagem do militar Doly Mendes Boucinhas, (menos de um mês) ocorreu para que fosse resolvido o impasse entre o presidente eleito do Brasil, Fernando Collor, e o governador Jorge Nova da Costa. Collor, ao assumir o poder, havia indicado o nome do sergipano Gilton Pinto Garcia para o governo do Amapá até a eleição do primeiro governador. Jorge Nova, por sua vez, insiste em ficar por ter tido o "referendum" do Congresso. Assim, Dolly Boucinhas fica no poder ate a resolução do impasse.
Gilton Pinto Garcia
(Maio de 1990 a dezembro de 1990)
Amigo pessoal do presidente Collor, o advogado sergipano Gilton Garcia governa o Amapá por sete meses. Filho de Luís Garcia e Emília Marques Pinto Garcia,
Gilton nasceu em Aracaju (Sergipe) em 5 de janeiro de 1941. Em abril de 1975 é eleito presidente da OAB de Sergipe até 1979, quando em agosto, é nomeado Procurador Geral de Justiça do Estado de Sergipe. Em novembro de 1983 é eleito deputado estadual pelo PDS. Em abril de 1990 é nomeado governador do Amapá, pelo presidente Collor, mas só assume em 25 de maio. Entre as obras de vulto,
. Concluiu a primeira etapa do Estádio Zerão;
. Concluiu o Teatro das Bacabeiras, obra iniciada no governo Barcellos;
. Concluiu e inaugurou o prédio do Tribunal de Contas.
. Iniciou a construção do Tribunal de Justiça do Amapá
1991 a 2003 - Governadores eleitos
Annibal Barcellos
(janeiro de 1991 a dezembro de 1994)
Sendo o primeiro governador eleito, Barcellos consolidou a implantação do novo Estado do Amapá, nomeando membros para o Tribunal de Contas da União e Tribunal de Justiça do Estado.
João Alberto Rodrigues Capiberibe
(janeiro de 1995 a abril de 2002)
Dois mandatos consecutivos
O segundo governador eleito, cumpriu dois mandatos. Nasceu no município de Afuá, em 6 de maio de 1947. Reeleito com 53% dos votos, João Alberto Rodrigues Capiberibe faz parte da nova geração de políticos da Amazônia que pregam o desenvolvimento sustentável como modelo de desenvolvimento econômico.
Capi, como é conhecido popularmente, nasceu no pequeno município de Afuá, no Pará, e ainda criança veio com os pais para o Amapá onde trabalhou desde os dez anos de idade. Aos dezessete, integrou o movimento estudantil, o que lhe abriu caminhos mais audaciosos.
Apoiado por uma ampla coligação de esquerda, foi eleito governador do Amapá pregando o desenvolvimento sustentável. Nos primeiros anos de mandato teve muita dificuldade para administrar o Estado em função das dívidas herdadas do governo anterior. Mas conseguiu sanear o orçamento público. Experiente e sensível às causas populares, João Alberto Capiberibe foi o primeiro governador do País a adotar o desenvolvimento sustentável como programa de governo.
Dalva de Souza Figueiredo
(abril de 2002 a dezembro de 2002)
Vice do governador Capiberibe no seu (dele) segundo mandato, a professora Dalva Figueiredo substituiu-o no período de abril a dezembro de 2002, em razão de sua renúncia para concorrer a uma vaga no Senado nas eleições de 2002.
Amapaense, nascida em 2 de Abril de 1961, no município de Oiapoque, em Clevelândia do Norte, onde iniciou seus estudos, migrou em seguida para a capital Macapá, onde suas aptidões convergiram para a área educacional.
Formou-se em Pedagogia com habilitação plena em Supervisão Escolar. Dentro da área educacional exerceu funções diversificadas, numa trajetória profissional como professora e supervisora municipal de educação. Estas experiências constituíram base de luta em prol da educação no Sindicato dos Servidores Públicos em Educação - SINSEPEAP.
Em 1995, com a implantação do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá, Dalva Figueiredo, em função da coalizão entre os partidos do campo democrático, compôs a equipe de assessores da Secretaria Estadual de Educação, consolidando nos projetos pedagógicos educacionais as políticas de inclusão social, pautadas na sustentabilidade.
Filiada ao Partido dos Trabalhadores, Dalva foi candidata a vice-prefeita em 1996. Atualmente é presidente regional do Partido dos Trabalhadores e uma das principais articuladoras do Núcleo Setorial de Mulheres do PT, que congrega petistas de todo o Estado.
Antonio Waldez Góes
(janeiro de 2003 - Governa atualmente)
Waldez iniciou seu Governo, em janeiro de 2003, administrando problemas herdados de seus antecessores, com um “rombo” financeiro superior a R$ 100 milhões. Muito, para um Estado cujo orçamento é pouco superior a R$ 1 bilhão e 200 mil.
Os problemas, contudo, não impediram a implantação do programa de Governo batizado de Amapá: Desenvolvimento com Justiça Social.
Uma das linhas de ação foi o combate imediato aos mais graves problemas sociais do Estado, implantando, para isso, importantes programas compensatórios, como o Luz Para Viver Melhor - através do qual o Governo do Estado subsidia o consumo de energia elétrica para famílias de baixa renda -, e ampliando o alcance de outros programas já existentes, como o Bolsa Família Cidadã, que garante renda mínima de meio salário mínimo para as famílias, ajudando-as a manter suas crianças na escola.O Governo também teve sucesso no estabelecimento do programa Primeiro Emprego, conseguindo cadastrar mais de mil jovens logo no seu primeiro ano.
Por outro lado, Waldez luta para implantar os chamados programas estruturantes, que visam dotar o Estado de infra-estrutura necessária ao seu desenvolvimento econômico, passo fundamental para a superação do atual nível de dependência que tem do repasse de verbas federais. Hoje, as receitas próprias do Estado não chegam a 20% do orçamento. Para mudar esse quadro, o Governo vem investindo em obras de grande alcance, como a pavimentação da Rodovia BR-156, que corta o Estado de sul a norte, e de rodovias estaduais, como o chamado Eixo de Integração Leste.
O Estado assume, também, dentro de seis meses, o controle administrativo da Estrada de Ferro do Amapá, que integrava o patrimônio da Icomi, empresa que durante 50 anos explorou o manganês amapaense. A ferrovia liga o município de Serra do Navio a Santana, onde está localizado o porto de maior calado na entrada da Amazônia.
Rodovias, ferrovia e rios navegáveis, dotados de um porto de grandes proporções e estrategicamente situado, permitindo acesso ágil a importantes mercados internacionais, como América do Norte e Europa, formam um sistema de transporte multimodal que será fundamental para alavancar o desenvolvimento amapaense. Por isso o programa de Governo de Waldez Góes dá tanta importância ao fortalecimento da infra-estrutura do Estado, para que o Amapá torne-se um atraente pólo de atração de investimentos produtivos.
A reforma do Aeroporto Internacional de Macapá, cujas obras devem ser iniciadas ainda este ano, é outro passo importante a ser dado neste sentido, bem como a construção de pontes ligando o Estado ao Pará, pela região sul, e à Guiana Francesa, na fronteira norte.
Em seu segundo ano de Governo, Waldez Góes concentra esforços, agora, na implantação de um novo modelo de gestão para o Estado. Um modelo que se adeque ao programa que pretende transformar o Amapá num Estado de Desenvolvimento com Justiça Social.
O novo modelo adota uma forma de gestão compartilhada através de comitês. Um comitê estratégico, que reúne seis secretários especiais e o governador do Estado, e os comitês setoriais, coordenados pelos secretários especiais e que agrupam os demais órgãos da estrutura administrativa do Estado.